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segunda-feira, 4 de abril de 2011

Francisco o gato de apartamento!


Vou lhes contar a História de Francisco o gato de apartamento que sabia que existia algo além das paredes do apartamento onde morava.

Francisco foi dado à Alencar um jovem de 16 anos morador de um bairro de classe média numa cidade qualquer, os pais de Alencar muito preocupados com a timidez de seu filho decidiram dar um gato de presente a ele no seu décimo sexto aniversário, talvez assim o menino tivesse algo a se apegar, mas muito mais que o afeto ao filho seus pás queriam é não ter o peso em suas consciências, pois seu filho não era exatamente um adolescente popular tão pouco de sair as tardes para passear ou ir à alguns lugar com seus amigos, ele não tinha amigos e o presente que seus pais lhe deram era a forma de estarem em paz e darem um pouco de sociabilidade ao menino, se é que dar um gato à um adolescente é sociabilizá-lo.

Francisco chegou à casa de Alencar muito novinho, recém desmamado, seu pelo cinza e seus olhos azuis chamava a atenção de qualquer pessoa, e não foi diferente com Alencar, quando o garoto viu o gato se apaixonou instintivamente pelo animal, conforme o tempo passava Alencar e Francisco ou Chico como era chamado estavam cada vez mais ligados, no apartamento de três quartos, amplo e bem mobiliado, Chico era o rei, apesar dos pais de Alencar não darem muita bola para o gato ele não se importava, pois Alencar seu dono sempre estava lá para brincar, agradar e deixar o gato ser o dono da casa.

Chico com o passar do tempo foi notando instintivamente que seu mundo estava ficando pequeno, e que pos de trás das paredes de sua casa havia algo a ser explorado, começou a perceber que havia algo além das cortinas da casa que por imposição da mãe de Alencar sempre estavam fechadas, Chico não se contentava em ficar somente no quarto de Alencar sempre escapava, hora explorava a escuridão que havia embaixo dos sofás, hora estava subindo nos armários da cozinha, mas o que ele gostava mesmo era de correr pelos corredores compridos do apartamento.

Numa manhã de um dia qualquer de faxina a diarista sem se preocupar com sua patroa que havia saído, deixou as janelas da sala abertas para o sol entrar na casa e tirar um pouco daquele cheiro de mofo da casa, a empregada ficava indignada por uma família tão bem financeiramente ter manias tão estranhas, como uma casa tão bonita vivia com as janelas fechadas, como não gostavam de ver aquela vista tão bonita da janela, pois a janela da sala da casa dava de frente a uma grande praça, cheia de Ipês um gramado verde lindo, e um lago ao fundo, realmente não existia melhor paisagem que aquela.

Chico naquele dia acordou com o barulho do aspirador de pó, ele sabia que a diarista estava em casa e como de costume foi correr atrás do fio do aspirador, levantou-se espreguiçou-se ainda meio sonolento tomou seu banho matutino, um banho rápido diga-se de passagem já que não poderia perder tempo pois a diarista a qualquer momento poderia desligar o aspirador e ele perderia seu passatempo, desceu da cama, e foi em direção à porta, mas na metade do caminho viu que algo estava estranho, algo brilhava mais naquele cômodo, quanto mais próximo da porta chegava, mais intensa era a luz, ele por alguns segundos ele teve receio em ir adiante, mal sabia ele que estava diante da maior descoberta de sua vida!

Chico ao atravessar a porta do quarto e ir em direção a sala descobriu que seu mundo era pequeno, que sua casa não era tudo que existia, mais que rápido Chico foi em direção a janela, e num misto de alegria, surpresa e euforia contemplou a paisagem tão linda a sua frente, mas segundos depois foi atingido forte pela decepção, o apartamento onde morava ficava no sexto andar mesmo para um gato não seria fácil descer, sem falar em Chico que não era o mais exímio dos gatos, onde sua maior façanha foi pular de cima da geladeira até a mesa da cozinha, depois disso ficou 5 dias mancando.

Nos dias seguintes a meta de Chico era sair e desvendar aquele maravilhoso mundo, seu comportamento começou a mudar e ficou notório depois de algum tempo, ele não se contentava mais com as brincadeiras com Alencar, não se contentava mais em sair correndo pelo corredor, ele queria mais, Alencar já um homenzinho (de acordo com sua mãe), estava indo estudar fora, já havia terminado o ensino médio e estava se mudando para outra cidade para cursar a faculdade, relutou em deixar seu fiel companheiro Francisco, mas de acordo com sua mãe Alencar não teria mais tempo para cuidar do felino já que seus estudos eram em tempo integral e seu novo apartamento era pequeno demais para um gato ficar o dia todo sozinho, ela explicou que o animal iria se estressar e que acabaria morrendo, Alencar acatando a ordem da mãe deixou seu amigo e partiu para sua nova vida, mas antes de sair abraçou Chico e disse que logo estaria de volta com lagrimas nos olhos Alencar se foi.

Chico cada vez mais triste por não conseguir sair e desvendar o mundo que o espera, agora estava definitivamente só, já que a mãe e o pai de Alencar não davam muita importância para o gato, não lhe faltava comida e cama, mas isso não era tudo, ele queria o mundo novo! Com o passar do tempo ele ficava cada vez mais obcecado pelo mundo lá fora e começou a incomodar os pais de Alencar, seu comportamento havia mudado, começou a rondar a porta da frente do apartamento para que em um deslize de alguém que entrasse ou saísse ele pudesse escapar, mas suas tentativas eram todas frustradas.

Muito tempo depois e já quase sem esperanças Chico acorda com o barulho do aspirador de pó, meio desanimado ele vai fazer uma das poucas coisas que ainda sente prazer em fazer, correr atrás do fio do aspirador de pó, demorou mais que o tempo de costume, já não havia tanta graça naquilo, mas mesmo assim foi para pelo menos passar um pouco de tempo com algo que um dia já lhe proporcionou tanto prazer, quando chegou na sala ele sentiu algo diferente, algo tocava seu pêlo como não havia sentido antes, olhou em volta pra ver o que era e seus olhos brilharam quando ele viu a janela aberta, aquela era a hora, não importava como, sem medo ele correu para a direção do portal tão desejado, não parou de correr, se apoiou no sofá para pegar impulso, ninguém poderia pará-lo, o sofá foi como um trampolim, ele voou pela janela aberta e sentiu o sol e o vento tocarem seu pelo cinza!

Foi um momento inesquecível, único, ele planava no ar, fechou os olhos e curtiu aquele momento tão esperado, a sensação do vento em seu corpo e a expectativa de encontrar tantas coisas novas ele abriu os olhos para contemplar a beleza que por tanto tempo havia sido privada a ele e viu as arvores, o gramado a rua o lago, todos do alto, esse momento durou alguns segundos, até que ele bateu no chão, não podemos esquecer que ele se jogou do sexto andar do prédio, mas aqueles segundos que ficou livre valeram a pena, um animal que por tanto tempo ficou preso enfim descobriu o que era a liberdade mesmo que por alguns instantes!



Esse post eu tive a ajuda de um amigo Cauhê que numa conversa falou sobre um gato de apartamento eu só dramatizei e matei o gato no fim rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs